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WASHINGTON - O acordo para buscas de Internet com prazo de 10 anos firmado entre a Microsoft e o Yahoo deve atrair uma críticas dos órgãos de regulação antitruste do governo Obama mas provavelmente seguirá adiante, mesmo com dificuldade.
Enquanto a parceria leva o número de ferramentas de buscas concorrentes a cair para dois, dos três anteriores, especialistas em casos antitruste dizem que isso provavelmente aconteceria de qualquer forma. As companhias parceiras dizem que se uniram para criar um concorrente mais forte contra a Google.
"A questão é: está certo isso? Duas são o suficiente?", disse o advogado especializado em antitruste John Briggs, da firma Axinn, Veltrop and Harkrider LLP.
"Creio que esse acordo facilmente passaria no governo Bush. Eles nem pensariam duas vezes", afirmou Briggs. "Este governo vai pensar duas vezes, e provavelmente, no final das contas, deixará passar".
A ferramenta de busca da Microsoft, o Bing, será usado em pesquisas nos sites do Yahoo. As empresas disseram que esperam que o acordo seja "analisado atentamente" por reguladores, mas que estavam otimistas de que ele se concretize no início de 2010.
A Google detém 65 por cento do mercado de buscas na Internet, contra os 29,6 por cento da Yahoo e os 8,4 por cento da Microsoft, segundo a comScore.
"Sem esse acordo, acho improvável que tivéssemos um mercado com três buscadores de peso daqui há 10 anos", afirmou o advogado da Shearman & Sterling LLP Beau Buffier.
Já o senador norte-americano Herb Khol, membro do subcomitê que supervisiona a divisão antitruste do Departamento de Justiça dos EUA, afirmou que o painel teria preocupações de que anunciantes enfrentariam taxas mais altas e que haja menos inovação como resultado do acordo.
"O acordo entre a Yahoo e a Microsoft --gigantes do setor e concorrentes diretas nos mercados de publicidade online e de buscadores-- justifica nosso escrutínio minucioso", disse ele em comunicado. "As implicações do acordo conjunto proposto serão analisadas atentamente por meu subcomitê".
O especialista antitruste da Zuckerman Spaeder Evan Stewart diz, no entanto, que o acordo cria um concorrente mais forte para o Google.
"Isso é bom para o mercado competitivo", disse Stewart. "Será mais fácil conseguir acesso aos espaços para anúncios com taxas presumivelmente mais competitivas".
O prazo de 10 anos do acordo significa que as agências reguladoras provavelmente verão o acordo quase como uma fusão, segundo o advogado Richard Brosnick, da firma Butzel Long. "Em termos de Internet, esse prazo pode bem ser 100 anos. Uma licença de exclusividade de 10 anos pode muito bem ser uma aquisição".
A expectativa é de que o Google fique de olho no acordo. A empresa já havia desistido de um acordo de publicidade com a Yahoo no ano passado devido a pressões do Departamento de Justiça.
Tanto a Microsoft quanto anunciantes fizeram um lobby no departamento para impedir a Google de ampliar seu poder no mercado.
O Google, até agora, comenta pouco publicamente sobre o acordo da Microsoft e da Yahoo.
"Há, tradicionalmente, muita concorrência na Internet, e nossa experiência é de que a concorrência traz coisas muito boas para o usuário", disse o porta-voz da Google Adam Kovacevich em comunicado enviado por email.
(Reportagem de Diane Bartz)