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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Herman Hesse, Magister Ludis


Uma troca de idéias no Facebook, me dá, novamente, a oportunidade de criação de um post. Falando sobre "O Jogo das Contas de Vidro" de Herman Hesse, busquei na memória o que de bom ficou da leitura das obras deste escritor que, segundo o estimado crítico Franklin de Oliveira, se aproximava da conquista da kalokalagatia platônica: a perfeição moral. Apesar dos aspectos espiritualistas de Hesse, com a sua filosofia zen-budista, não serem exatamente próximos da minha concepção de vida, é impossível não ser influenciado de alguma forma pelas suas principais obras, como "Demian", "O Lobo da Estepe", "Debaixo das Rodas" ou "O Jogo das Contas de Vidro". Não é fortuito que o maior escritor alemão do século XX, Thomas Mann, tenha dito de Herman Hesse, no prefácio da edição inglesa do "Demian", que "da geração literária à qual pertenço, de há muito o elegi como o escritor que está mais próximo de mim e me é mais caro". O mais importante livro de Hesse é justamente "Das Glasperlenspiel", que poderia ser traduzido, também, como "O Jogo de Vidrilhos". Não importa, não existem absolutos em traduções, especialmente literárias. O tema aborda a possibilidade de transformação deste mundo estilhaçado num lugar que reconcilie os seres humanos consigo mesmos, através da província ideal para seres ideais: a província pedagógica de Castália. Ninguém que tenha lido este livro pode ter deixado de ser marcado por ele, pela constatação de que o ser humano é imperfeito, mas é perfectível, passível de melhoramento espiritual e moral, muito menos pode ter esquecido da figura emblemática da busca do aperfeiçoamento humano, o magister ludis, Joseph Knecht. Eu recomendaria, igualmente, "Demian", a explosão de revolta contra um mundo constantemente dividido entre "mundo luminoso" e "mundo soturno", "O Lobo da Estepe", crítica da hipocrisia e mendacidade da sociedade burguesa e pintura do painel do desgarramento do ser, a dilaceração da ordem íntima, que antecipa, em suas implicações morais e filosóficas, o empolgamento e a catástrofe da nação alemã e da Europa sob o nazismo e, "Debaixo das Rodas", tremenda denúncia dos aspectos mais deploráveis do sistema educacional alemão, nos tempos de sua infância, período no qual o sistema humanista que formara os Goethes e Lessings, foi sendo substituído pela falácia do utilitarismo. Acho que ainda tenho em minha biblioteca "Sidarta", uma apresentação bastante compreensível das filosofias orientais, como o hinduísmo, budismo, confucionismo e taoísmo, ao mundo ocidental, a qual, sinceramente, nunca terminei de ler. Hesse apresentava uma espiritualidade zen-budista que nunca foi exatamente my bag. Mas, suas obras principais sempre inspirarão aqueles que buscam a construção de um mundo melhor. Aliás, falando sobre a redenção da febre de dilaceramento interior de "O Lobo da Estepe" (1927) que veio com "Narciso e Goldmund" (1930), Hesse diz uma das coisas mais marcantes que já li na literatura, que a redenção advém do ser-com-o-outro, ela - a redenção do ser - repousa sobre as duas coisas mais belas do mundo: "os seios da mulher amada e o cérebro do pensador"...



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