Um breve comentário, no Facebook, por parte do meu grande amigo, Professor Márcio Correa Cunha, da Universidade Federal do Espírito Santo, que exerce também uma importante atividade paralela, relacionada à preservação ambiental, me levou a tecer algumas considerações históricas sobre a questão do desmantelamento de uma máquina de dominação política, entranhada por muitos anos no poder. O Márcio mencionou, de passagem, que a facção carlista na Bahia hoje está no ostracismo. Disto resultou o texto, abaixo, que tem uma certa feição de carta a um amigo e, ao mesmo tempo, uma opinião pessoal, aberta ao grande (não muito, já que este blog não tem muitas visitas) público:
Caro amigo Márcio,
Aos 50 anos de idade (ressalte-se que cheguei à constatação adiante manifesta, bem antes de completar meio século de existência - Putz! soa estranho não é?), acredito que a única lição que o cidadão comum pode aprender em relação à política é que tudo o que você pode fazer é tentar, segundo seu próprio julgamento, escolher o mal menor. That's it! Sai uma gangue, entra outra. A atual manipula - e está sendo bem sucedida, até agora (+ 4 anos, no mínimo, apesar dos ínumeros escândalos de corrupção, malversação de verbas, quebras de sigilo - Pallocci is back, the others will... later -, invenção de dôssies comprometedores dos adversários, falsificação de documentos, Valeriodutos, Mensalinhos e Mensalões, acrescidos dos "não sei de nada" e "nunca antes na história deste país" presidenciais) - para permanecer no poder por longo tempo através do velho truque de Napoleão III ("O 18 Brumário de Luís Bonaparte", de Marx, é leitura imprescindível) e do PRI mexicano. Distribuir terras aos camponeses mais pobres, não por senso de justiça e bem-estar social, apenas para angariar-lhes o apoio maciço (milhões e milhões). Luís Bonaparte ficou 18 anos no poder e só caiu do galho por que perdeu a Guerra Franco -Prussiana (que unificou a Alemanha de Wilhelm I, contando com a enorme capacidade política e organizacional do chanceler, Otto von Bismarck, verdadeiro condutor da política de fortalecimento da Prússia e unificação alemãs). Parte das práticas de Napoleão III e do PRI passavam pelas constantes medidas coercitivas da liberdade de imprensa... Sounds familiar?
O PRI (Partido Revolucionário Institucional) distribuiu minúsculas porções de terra a uma miríade de "campesinos" destituídos (grande parte da terra praticamente improdutiva e sem apoio técnico-governamental, tipo Embrapa ou coisa parecida) e permaneceu cerca de 70 anos no poder. Para as camadas mais pobres de povos que nunca receberam praticamente nada em retorno aos esforços, suor e lágrimas derramados em séculos de miséria, qualquer forma de benesse "grátis" é uma benção e o político que (ainda que só alegadamente) a proporcionou ganha foros de semi-divindade. Jamais ocorre a essa camada que esse é um preço a ser pago por alguém sob a forma de impostos, que penalizam a todos, do pequeno ao grande (ainda que para os últimos sempre existam as brechas - elisão fiscal, é uma delas - que as leis e o poder econômico proporcionam). A mexicanização do Brasil tem sido efetuada através da distribuição descontrolada do Bolsa-Família e das vistas grossas em relação aos desmandos do MST, que, inclusive, recebe dinheiro de organismos governamentais para cobrir despesas de viagem, alimentação, etc., dos Sem-Terra, quando vão fazer manifestações "pacíficas" e, por que não, algumas invasõezinhas, aqui e ali? Quando se pensa sobre "opções", percebemos que são poucas, hein?
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3 comentários:
Olá Alborges. Não posso deixar de parabenizá-lo em relação a esta "carta aberta" ao Márcio Cunha e ao (infelizmente) diminuto público leitor do Blog. Realmente, não temos como escapar. Sai uma gangue entra outra. Nossa única escolha é entre a frigideira ou o fogo. Em relação à cubanização do Brasil, tenho certeza de que não chegaremos a isto, principalmente por tal situação contrariar os interesses dos americanos, que mal suportam a minúscula pedra no sapato deles que é a Cuba de Castro. O meu medo real é uma "chavenização" do Brasil. Em outras palavras, a utilização dos recursos populistas que vc citou na "carta", como distribuição de terras (sem, contudo, a necessária e imprescindível reforma agrária) e outras benesses, casos do "welfare" brasileiro chamado Bolsa-Família e da concessão de "privilégios" aos descendentes de índios da Bolívia de Morales, acrescidos de um ataque às instituições de salvaguarda da democracia, como a imprensa e as agências controladoras. Veja que, ao contrário do que alardeou a candidata eleita Dilma Roussef, o Brasil, em que pese o grande número de escândalos denunciados e "investigados" pelo governo Lula, praticamente resultado algum se obteve. Qual o resultado final do escândalo do mensalão? E dos "aloprados", do mensalinho? E a falta de investigação, pela Receita e Polícia Federais do enriquecimento mais do que suspeito do filho (Ronaldinho dos negócios) do presidente Lula? Sobre o mensalão, por exemplo, só concluíram que não há provas suficientemente fortes para provar a existência do mesmo... E que dizer do infame projeto de emenda constitucional que daria poderes à Polícia Federal para quebrar sigilos fiscal e telefônico de "suspeitos" de crimes, prescindindo de autorização judicial? Manobra esta digna da Gestapo alemã! E a proibição de divulgação, pela imprensa, de notícias negativas sobre a atuação do governo? Resumindo, meu medo é que a nova presidente se torne uma "Hugo Chaves" de calcinha (sim, porque ela, que eu saiba, nunca usa saias) que, usando a vantagem de ter cerca de 350 deputados federais e 50 senadores a apoiá-la, tome medidas que manietem a ação das forças democráticas brasileiras, instaurando uma espécie de "golpe branco", apoiado em uma pretensa validação no Congresso Nacional. Tempos negros vêm por aí. Basta ver o anúncio, aberto e descarado, de que uma das primeiras medidas da nova presidente será a reedição da famigerada e malfadada CPMF, não mais como contribuição provisória, mas como imposto vitalício, vindo para achacar ainda mais o povo brasileiro, esmagado sob o mais desumano e irracional sistema tributário do planeta. Quem viver, verá...
There's coming a shitsorm"!
Damn it! Eu disse (escrevi): "There's coming a shitstorm"! Not shitsorm, como saiu, por bad typing.
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