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domingo, 10 de maio de 2009

Presas Pra Que Te Quero





Como sempre, o Fernando Luiz nos envia um comentário que só faz acrescer à temática abordada, iluminando aspectos que, após sua intervenção, aparecem mais clarificados, neste caso, o mundo dos vampiros, o mito e sua atratividade entre nós. Entretanto, creio que o Fernando Luiz interpreta incorretamente minhas palavras, no texto "A Seara do Vampiro". Eu dissera que o ponto comum "das histórias atuais de vampiros é a 'desdraculização' e 'desfaustização' do vampiro. O vampiro de nossos dias não é mais um humano que assina um pacto faustiano com o Demonio, como Drácula, entregando a alma em troca da vida eterna, nem transforma-se em morcego. Geralmente, o vampiro foi transformado por um antigo amor para que pudesse ficar com ele, ou vampirizado, à sua revelia, como o Bill Compton de 'True Blood' ". Isso não significa que eu não entenda ou não aceite que o mito de Drácula "apenas envelheceu em seu invólucro exterior, mas sua figura enigmática, dúbia e sombria continua a fascinar as pessoas ao longo dos séculos". O que faço notar, na matéria mencionada, é que os autores da atualidade criaram personagens adaptadas à modernidade, as quais se mostram despidas do aspecto "legiões das trevas" e "almas perdidas", malévolas e diabólicas. Não obstante a atratividade de histórias vampíricas como "True Blood", "Moonlight" e "Blood Ties", o aspecto mefistofélico foi eliminado e os vampiros, agora, ao invés de serem criaturas amaldiçoadas e condenadas, são seres que parecem sofrer de uma doença. Incurável, é claro! A tentativa de emprestar um caráter nobre - como Drácula - à Henry Fitzroy, em "Blood Ties", atribuindo-lhe a filiação - ilegítima - de Henrique VIII da Inglaterra não funciona. Fitzroy pode ser charmoso por si mesmo, mas sua nobreza não funciona no mundo em que vive, cercado de luzes e sons, carros, computadores e fastfood stores. Acreditamos na nobreza de Drácula por que ela é sua característica mais notável. Ao lado do horror que sua conduta sangrenta desperta, está, igualmente, uma atração por seu caráter altivo e hipnótico: o aspecto mistério, que as histórias de vampiro proporcionavam antigamente. Nas histórias de hoje, esperamos tudo - sensualidade, thriller à la histórias de detetives, o culto do superpoder e, até, o vampiro-herói, que toma "true blood", sangue de porco, ou sangue mesmo, mas do Banco de Sangue ou do necrotério e ajuda os fracos e oprimidos -, menos terror e tremor. Em "Moonlight", Mick Saint-John é um detetive particular que ajuda os necessitados e bebe sangue encomendado. Bill Compton bebe "true blood" e evita matar humanos, além de se apaixonar por uma humana - o que lhe causa problemas junto à comunidade vampírica de Bon Temps e cercanias. E Henry Fitzroy é um desenhista de graphic novels que ajuda a detetive Vicky Nelson a resolver casos sobrenaturais. Sua alimentação vem, quase sempre, de humanos que cedem seu sangue como dádiva aos vampiros. Em Crepúsculo, temos um jogo nas árvores da floresta que parece o quadribol de Hogwarts, nos filmes de Harry Potter... De Nosferatu a Mick Saint-John e Edward Cullen... Não existem mais vampiros como antigamente! Drácula, aborrecido e confuso, balança a cabeça em desaprovação aos inusitados pupilos de hoje...






Um comentário:

Fernando Luiz disse...

Olá Almir,
Eu entendi o que vc quiz dizer quando falou da "desdraculização" e "desfaaustização" dos filmes de terror. O que eu, por outro lado, quis mostrar é que considero estas novas "faces" dos vampirismo, como True Blood, Moonlight, etc., como uma tentativa de, de certa forma, "pasteurizar" o mito do vampiro e adequá-lo aos dias atuais, com vistas a torná-lo mais atraente, até mesmo para faixas etárias mais precoces. Veja o caso de Buffy e Angel, por exemplo. A verdade é que os três últimos filmes de peso em termos de vampirismo propriamente dito foram Drácula de Bram Stoker, Entrevista com o Vampiro e Vampiros de John Carpenter. Vampiro, em sua essência é maligno, cruel e impiedoso, não passa, ou dificilmente o faz, pela peregrinação culpa-expiação, à lá "Crime e Castigo" do imortal Dostoiévski. Lógico que os filmes "modernosos" de vampiro atuais (e séries) apresentam interessantes aspectos psicológicos (embora, em alguns casos, beirando o primarismo ridículo)e apresentam o vampiro em sua roupagem e comportamento atuais, isto é, sem a nobilidade esnobe de Drácula, mas mesmo assim, ficam longe das performances dos vampiros corriqueiros, dos quais nunca se sabe o que se pode esperar, ou melhor, se pode esperar tudo e mais um pouco. Mas gosto é gosto, não é mesmo?