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domingo, 15 de junho de 2008

A Divina Joss Stone no Brasil

A grande expressão da música soul, na atualidade, está no Brasil. A cantora inglesa, Joss Stone. Dona de uma voz com timbre forte como as das grandes cantoras americanas do soul, a jovem Joss já vendeu mais de dez milhões de cópias, em uma curta carreira.
A soul music deve este nome ao fato de que os negros escravos aliviavam os sofrimentos dos agrilhões e da opressão branca através da música, e implicava que os negros, vítimas, tinham alma, enquanto seus opressores, os brancos, não. Daí, dessa música de choro, ranger de dentes e nostalgia da terra de origem surgiram o Gospel, o Blues, o Rhythm and Blues e a Soul Music, que tanto significava, em termos gerais, a música negra americana, como, em particular, um estilo específico, que surgiu da fusão do jazz, do rhythm and blues e do Gospel. Deles derivaria, na riqueza de criação do artista popular "afro-americano", o rock and roll, com Little Richards e Chuck Berry, principalmente. A princípio, devido ao mórbido e espalhafatoso racismo americano, aos jovens brancos que gostavam do estilo soul só havia a alternativa de bandas cover constituídas por brancos que tocavam o "soul branco" (blue eyed soul), como os Righteous Brothers, que no Brasil ficaram populares com a música do filme "Ghost". Nesta época, na década de 1960, cantores soul como Otto Redding, Wilson Pickett, Aretha Franklin e James Brown mostravam ser mais autênticos e sua influência muito mais profunda e duradoura. Ray Charles, Sam Cooke, estilista e vocalista de primeira ordem, impulsionador da soul music e que lutou pelo reconhecimento dos direitos dos negros, e até gente famosa em outras modalidades, contribuiram com o soul, como o meio índio, meio negro, Jimi Hendrix e B.B.King, rei dos guitarrsitas do blues.
Na mesma medida em que o racismo explícito foi se tornando impopular, principalmente com o avanço do movimento pelos direitos civis e o movimento de conscientização da comunidade negra, a soul music e as demais manifestações musicais afro-americanas se popularizavam, empolgando a juventude tanto negra como branca, tanto americanas como ao redor do mundo.
No Brasil, a influência soul se fez sentir em cantores e compositores como Jorge Ben, Wilson Simonal, Tim Maia (que viveu algum tempo nos Estados Unidos e andou enfronhado nos movimentos da black music) e GenivalCassiano. Na década de 70, a eles se juntaram nomes com Toni Tornado (como intérprete - canção chave: "Br 3"), Paulo Diniz (canção chave: "I want to go back to Bahia") e Hyldon.
Com a influência do rock, já nos anos 70, o soul passa a assumir tons psicodélicos e levou, na obra de artistas de primeiríssima linha como Marvin Gaye, ao surgimento de uma soul music permeada de forte crítica social. É a época em que começam também a surgir as obras que exprimem a imagem do negro americano forte, até mesmo superior ao branco, como "Shaft" e "Black Belt Jones" (o Faixa Preta Jones). Sidney Poititer, introduzirá, no cinema, a figura do homem negro americano "refinado", elegante e inteligente.
Nos anos 80, ainda tivemos nomes famosos como Tina Turner e Diana Ross, mas a lista de cantoras soul de renome foi encurtando um pouco a partir daí. Ademais, na segunda metade da década de 90, o soul foi sendo amalgamado ao hip hop, dando vazão a um tipo diferente de soul, no qual se destacam artistas como Mary J. Blige.
No Brasil, neste período surgem nomes novos como o sobrinho de Tim Maia, Ed Motta e Claudio Zolli.
Neste novo século, no cenário anglo-americano, um retorno a um estilo soul mais puro, misto das décadas de 60 e 70, surgiu na voz de Joss Stone, essa inglesinha, loura, de apenas 20 anos. Assim como um novo folego foi trazido ao rhythm and blues e a soul music por outra inglesa branca, com timbre negro na voz, Amy Winehouse.
Cabe ressaltar que, nestas duas cantoras e compositoras, a negritude se manifesta, para além da melodia e força das vozes, na composição e nos arranjos, que faz os ouvintes desatentos pensarem que se tratam de duas rainhas negras do soul e R&B, cantando a partir do Sul dos Estados Unidos. Uma observação: muitos autores de história musical, classificam soul music como música negra em geral, diferente apenas do gospel e jazz. Outros vêem o R&B como uma expressão "guarda-chuva" que engloba muita coisa, sendo, basicamente, a música dos afro-americanos em geral, feita por e para estes, o que parece meio racista. A música negra anglo-americana não é feita apenas por, nem somente para os afro-americanos. A música é sempre universal e ultrapassa todas as barreiras, mesmo quando se tenta impô-las. Strauss (Richard) podia ser um nazi-racista intolerável, mas sua música, não era. Sua música estava acima de suas limitações humanas. Além disso, existe uma tradição britânica de R&B que tem suas raízes nos anos 60, com Rolling Stones e Animals, por exemplo.
O que importa é que a música "negra" de língua inglesa, especialmente a anglo-americana, é excelente e alguns dos seus melhores expoentes atuais são brancos.
Abaixo, para quem aprecia a boa música, dois clipes de Joss Stone e mais abaixo, nas postagens mais antigas, um clip de Amy Winehouse. Have fun!